Onde reside o valor de cada um de nós?
Nas palavras que proferimos, por vezes esgotadas pelo cansaço, pela dor, por vezes inconsequentes pela leveza da alegria?
Nas acções que levamos a cabo, pelo esforço em alcançarmos os nossos sonhos, pela cegueira da desilusão, da inveja ou do ódio, pela sua grandeza quando nos deixamos enebriar pela paixão?
Tudo é volátil e inconstante. Então onde encontrar essa preciosa constante do valor de um ser humano?
Estará na sua perseverança em lutar por se manter fiel a princípios, valores e morais que são descritos universalmente como correctos?
Estará na sua perseverança em se manter fiel a si mesmo, sem o guia da sociedade?
Onde está o valor de cada um? É no preço impagável pela ajuda que se presta a dar dentro de determinadas condições?
É na ambiguidade da sua empatia? Da sua inteligência? Na ambiguidade da sua busca incansável por um momento melhor, mais perfeito, mais feliz?
Estará o valor intrinsecamente ligado à sua forma de estar, ora um autómato civilizado e cumpridor dos seus deveres, leis e subjugado a autoridades laborais e políticas, ora um génio incompreendido que desbrava o desconhecido quebrando regras até desvendar uma nova invenção?
Onde está esse valor? Estará no dia em que constrói ou no dia em que destrói? No dia em que planta e nutre, ou no dia que mata? No dia em que sorri, ou no dia em que as lágrimas lhe turvam a vista? Estará no dia em que toma coragem e avança? Ou no dia que cai derrotado?
Estará o valor na sua fé? Na sua esperança? Nas crenças que o empurram a erguer-se diariamente, ou nas crenças que o limitam e definham?
Talvez o valor esteja naquilo que entrega, talvez não esteja em si próprio, mas na abdicação. Quando abdica de ser o único, quando abdica de ser o melhor, o maior, o tal... Quando entrega o que sabe e o que tem...