quarta-feira, 21 de setembro de 2022

A ilusão

 O tempo é uma ilusão. Num momento estás bem, a vida parece um sonho, tudo o que desejas se concretiza... Noutro momento, a inevitabilidade da vida arrasta-te pelas lamacentas águas da enxorrada de tragédias... Vais aos trambolhões e encontrões com os destroços daquilo que cessou de existir, tentas respirar, tentas manter-te à tona de água, mesmo a corrente sendo forte... Tentas perceber o que está a acontecer, como te adaptares...mas a corrente não pára... O tempo não pára, mas estende-se em milésimos de segundos... Onde em câmara lenta consegues te aperceber dos mais ínfimos promenores... Como, por exemplo, as pequenas alegrias que outrora te faziam sorrir,  a afundarem-se como chumbo nesse rio turvo e a transbordar.

Não percas o foco, o tempo, pois logo de seguida outro destroço quase te arranca a cabeça.

A inevitabilidade da vida chega a todos, mesmo aqueles entretidos nos seus casulos de ilusões... 

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Para o Nada

 Escrevo para o vazio, como um diário à deriva no éter, escuro e frio.

Escrevo porque não falo... Porque não há ninguém para me ouvir e porque não tenho nada para dizer...

Mas escrevo, para soltar de mim a angústia, o peso da vida, escrevo na ânsia de encontrar uma frase que ilumine o meu dia, que me sirva de farol enquanto o Sol brilha.

Talvez hoje não seja esse dia. Num outro qualquer, voltarei a escrever. 

Por ali

 Quando era pequena, não queria crescer, não queria. Queria ser criança para sempre, mesmo sentindo-me  inadaptada, sem amigos, ou alguém com quem me sentisse bem e protegida.

Mas crescer é inevitável, assim como foram inevitáveis as dores e sofrimentos... físicos e emocionais.

Fui seguindo a minha vida, por onde o coração me levava, inevitavelmente só, pois as pessoas afastam-se do que não compreendem e eu não sei ser de outra forma.

Só sei amar profundamente, ou esquecer.

Talvez a profundidade do meu amor assuste as pessoas e talvez a superficialidade do amor dos outros me os faça esquecer.