O outro que há em mim, padece de existência, padece das feridas da vida que por repetidos ataques não cicatrizam.
O outro eu, que vive amolgado na minha alma, respira por um canudo estreito e precisa de injecções de segurança para conseguir olhar em frente.
Tenho um eu amarrado, que nos seus devaneios de loucura precipita-se contra mim trauteando cânticos de desconfianças. Tudo é um logro, tudo é conspiração…todos te enganam, nada é paixão.
Se de leve visses a minha vida
Seria de azul marinho, que varia de tom com a luz do Sol
Se de leve a saboreasses
Teria um paladar misterioso e desejado
Se de leve a sentisses
Seria macia como uma pétala de túlipa e reconfortante como o colo da nossa mãe
Se de leve, mesmo só por instantes a vivesses
Teria um som demasiado estridente para a suportares
Mas de leve, muito levemente, com a distância de um átomo, soa a anjos em brincadeiras celestiais.