sexta-feira, 20 de julho de 2007

O outro eu em mim

 

O outro que há em mim, padece de existência, padece das feridas da vida que por repetidos ataques não cicatrizam.

O outro eu, que vive amolgado na minha alma, respira por um canudo estreito e precisa de injecções de segurança para conseguir olhar em frente.

Tenho um eu amarrado, que nos seus devaneios de loucura precipita-se contra mim trauteando cânticos de desconfianças. Tudo é um logro, tudo é conspiração…todos te enganam, nada é paixão.



Se de leve visses a minha vida

Seria de azul marinho, que varia de tom com a luz do Sol

Se de leve a saboreasses

Teria um paladar misterioso e desejado

Se de leve a sentisses

Seria macia como uma pétala de túlipa e reconfortante como o colo da nossa mãe

Se de leve, mesmo só por instantes a vivesses

Teria um som demasiado estridente para a suportares

Mas de leve, muito levemente, com a distância de um átomo, soa a anjos em brincadeiras celestiais.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Sonhos

 

Vou pisando um caminho

Que a saudade recorda

Num pensar sempre sozinho

Que a realidade acorda


Vazias tenho umas mãos

Da imensidão da vida

Desses brilhos a todos vãos

Que me deixaram ferida


Não há bússola nem mapa

Que me guie a dormência

Apenas uma dor chata

De uma alma em penitência


E pago os meus pecados

Não com fogo do inferno

Mas com sonhos estragados

Para sempre no eterno


Repassa-me o coração

Da triste ignorância

Não ter aceitado um não

Vivendo agora a distância.