quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Adivinha o quanto

Sentei-me exactamente ali, onde a luz do Sol me aquecia os ombros, o suficiente para não ter frio. Tu corrias. Tu corrias inocentemente como quem corre pela primeira vez, como quem não espera nada dos dias, nem tem medo do amanhã.
Por momentos pensei que observava a vida de outra pessoa, que esta visão não era minha, que o teu milagre não estava ao meu alcance...mas sim, enquanto for viva, todos os dias poderei dizer-te: «adivinha o quanto eu gosto de ti?»

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Longe

 Olhas-me assim? nem me conheces...

Tu de mim nunca saberás nada

Não fui por ti jamais encontrada

Não há nada em mim que merecesses...

Julgas-me com teus dois olhos baços

mas eu de ti nunca tive medo

sou para ti um grande segredo

sempre tão longe dos dois teus braços.

Eu nasci só e só só sei viver,

Não me assusta tua partida

já sais tão tarde da minha vida

só te quero ver desaparecer!

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Como é que cheguei aqui? a este vazio de sentidos, onde tudo é tarde de mais e nada se pode reparar...
o passado está usado e nada mais posso desejar
nem sei como fui aqui chegar
agora, tenho estes dias ocos
para num futuro incerto gastar...

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Desejo

Beijo-te, mais uma vez

E caio em vertigem no abismo dos prazeres.

Sinto o teu dedilhar na minha pele

Em intervalos compassados pelo desejo

E ouvem-se acordes talhados na tua respiração.

Seduz-me, troca os meus olhos pelos teus

E guia-me pelos gestos.

Envolve-me nas carícias sedosas da tua mão

Até ao universo sem regras das tentações.

Inebria-me nos teus aromas e sabores

Até o deleite ser maior que a minha alma

E na combustão do nosso fogo

Nos fundamos como ouro derretido

Sobre o azul do céu estrelado.

O tempo escorre por nós em gotas de suor

Tentando desenhar um caminho no nosso corpo

Que em secretas danças se contenta da ansiedade

E sacia uma fome milenar.

Dentro de mim pulsam as veias fervorosas

Pela inquietação de te querer tomar de um só trago

De querer beber de ti o néctar da tua nudez em flor.

Beija-me mais por favor!

Agora que as estações perderam o sentido,

O frio do Inverno é uma fogueira que nos consome

E eu sinto-me Verão na Primavera dos teus encantos,

Onde neste Outono se despiu de mim a timidez.

Beijo-te, uma outra vez,

Pois de ti não quero as rédeas nem os freios

Só sentir a tua paixão selvagem na nossa batalha carnal.

...e tudo em ti se revela sensual...

Quero criar contigo sinfonias afrodisíacas

Onde a realidade se perca na intensidade do nosso olhar

Onde o eu se esvaneça nos seus contornos

E a moral, já sem valor, seja apenas a palavra obscena

Que te segredo aos ouvidos.

...empola-me os sentidos...

Sinto o ar aprisionado entre nós,

Quente, por em dueto prolongado o consumirmos

E o que respiramos é já um sopro

Do espírito lascivo que nos revolve a alma.

Fazes-me perder a calma...

Fazes perder-me nos minutos pelo meio das horas

Que poderiam ter sido dias

Como quando se sonha um desejo

Nada?!



sábado, 30 de novembro de 2013

Onde estás?

 Se te amei, o meu corpo sentiu, a minha alma rugiu e o meu coração lamentou o teu partir...nem sei quem és, mesmo quando foste alguém em quem a minha mão poisou...sei que te aguardo, que desespero pela tua presença...de onde vens? ou já comigo estiveste...tenho este amor inconsolável para te dar, esta gratidão pela tua presença, que não sei onde guardar.

deixas-me sempre só, com um “para sempre” ferido na minha boca...rasgo as horas sem olhar para trás e espero...espero...espero pelo inesperado ato de pureza que me iluminará nesta escuridão.

não sei fugir, não sei fingir, nunca vejo o fado que se abate nos meus braços...nunca...

preciso de ti, desse teu calor que nunca senti, dessa voz que tanto ouvi...

mas por agora deixas-me, vou respirar a verdade, vou sentir todas as dores formarem o meu corpo, deixas-me, oiço-te dizer “até um dia”, e largares-me neste caminho torto.