quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Como é que cheguei aqui? a este vazio de sentidos, onde tudo é tarde de mais e nada se pode reparar...
o passado está usado e nada mais posso desejar
nem sei como fui aqui chegar
agora, tenho estes dias ocos
para num futuro incerto gastar...

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Desejo

Beijo-te, mais uma vez

E caio em vertigem no abismo dos prazeres.

Sinto o teu dedilhar na minha pele

Em intervalos compassados pelo desejo

E ouvem-se acordes talhados na tua respiração.

Seduz-me, troca os meus olhos pelos teus

E guia-me pelos gestos.

Envolve-me nas carícias sedosas da tua mão

Até ao universo sem regras das tentações.

Inebria-me nos teus aromas e sabores

Até o deleite ser maior que a minha alma

E na combustão do nosso fogo

Nos fundamos como ouro derretido

Sobre o azul do céu estrelado.

O tempo escorre por nós em gotas de suor

Tentando desenhar um caminho no nosso corpo

Que em secretas danças se contenta da ansiedade

E sacia uma fome milenar.

Dentro de mim pulsam as veias fervorosas

Pela inquietação de te querer tomar de um só trago

De querer beber de ti o néctar da tua nudez em flor.

Beija-me mais por favor!

Agora que as estações perderam o sentido,

O frio do Inverno é uma fogueira que nos consome

E eu sinto-me Verão na Primavera dos teus encantos,

Onde neste Outono se despiu de mim a timidez.

Beijo-te, uma outra vez,

Pois de ti não quero as rédeas nem os freios

Só sentir a tua paixão selvagem na nossa batalha carnal.

...e tudo em ti se revela sensual...

Quero criar contigo sinfonias afrodisíacas

Onde a realidade se perca na intensidade do nosso olhar

Onde o eu se esvaneça nos seus contornos

E a moral, já sem valor, seja apenas a palavra obscena

Que te segredo aos ouvidos.

...empola-me os sentidos...

Sinto o ar aprisionado entre nós,

Quente, por em dueto prolongado o consumirmos

E o que respiramos é já um sopro

Do espírito lascivo que nos revolve a alma.

Fazes-me perder a calma...

Fazes perder-me nos minutos pelo meio das horas

Que poderiam ter sido dias

Como quando se sonha um desejo

Nada?!



sábado, 30 de novembro de 2013

Onde estás?

 Se te amei, o meu corpo sentiu, a minha alma rugiu e o meu coração lamentou o teu partir...nem sei quem és, mesmo quando foste alguém em quem a minha mão poisou...sei que te aguardo, que desespero pela tua presença...de onde vens? ou já comigo estiveste...tenho este amor inconsolável para te dar, esta gratidão pela tua presença, que não sei onde guardar.

deixas-me sempre só, com um “para sempre” ferido na minha boca...rasgo as horas sem olhar para trás e espero...espero...espero pelo inesperado ato de pureza que me iluminará nesta escuridão.

não sei fugir, não sei fingir, nunca vejo o fado que se abate nos meus braços...nunca...

preciso de ti, desse teu calor que nunca senti, dessa voz que tanto ouvi...

mas por agora deixas-me, vou respirar a verdade, vou sentir todas as dores formarem o meu corpo, deixas-me, oiço-te dizer “até um dia”, e largares-me neste caminho torto.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Ser

Estar ao meio é uma virtude...ser ao meio é um defeito. Não ser um todo definido, que só gera preconceito... ...contudo aqui respiro, na sublime existência pacífica de um perfeito viver... ou na minha arrogância em o tentar ser. Afinal nada me é negado, desde que finja ser como o restante gado. E a manada segue sem sobressalto, rumo ao prado verde no planalto. Estar ao meio, é ter ouvido o conselho era ter conseguido ser mais rasoável não ter medo de ser um espelho e não fazer nada imperdoàvel... mas afinal, Estar ao meio, é ser centrado e eu não quero ser o centro, nem a borda, nem uma outra qualquer definição porque eu vivo esta vida forjada com a minha paixão não quero morrer em paz, ser mais um que para ali jaz quero ser quem não existe quem não mais subsiste e colapsa-se de tanto gritar "Amei o que tinha de amar!" Mas não nasci nem morri Nem de nada me arrependi. Estar ao meio é uma virtude... Mas para se ser ao meio, só com coragem Não ser levado pelo vento com a folhagem E permanecer convicto da sua actitude.