segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Ser

Estar ao meio é uma virtude...ser ao meio é um defeito. Não ser um todo definido, que só gera preconceito... ...contudo aqui respiro, na sublime existência pacífica de um perfeito viver... ou na minha arrogância em o tentar ser. Afinal nada me é negado, desde que finja ser como o restante gado. E a manada segue sem sobressalto, rumo ao prado verde no planalto. Estar ao meio, é ter ouvido o conselho era ter conseguido ser mais rasoável não ter medo de ser um espelho e não fazer nada imperdoàvel... mas afinal, Estar ao meio, é ser centrado e eu não quero ser o centro, nem a borda, nem uma outra qualquer definição porque eu vivo esta vida forjada com a minha paixão não quero morrer em paz, ser mais um que para ali jaz quero ser quem não existe quem não mais subsiste e colapsa-se de tanto gritar "Amei o que tinha de amar!" Mas não nasci nem morri Nem de nada me arrependi. Estar ao meio é uma virtude... Mas para se ser ao meio, só com coragem Não ser levado pelo vento com a folhagem E permanecer convicto da sua actitude.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

O outro eu em mim

 

O outro que há em mim, padece de existência, padece das feridas da vida que por repetidos ataques não cicatrizam.

O outro eu, que vive amolgado na minha alma, respira por um canudo estreito e precisa de injecções de segurança para conseguir olhar em frente.

Tenho um eu amarrado, que nos seus devaneios de loucura precipita-se contra mim trauteando cânticos de desconfianças. Tudo é um logro, tudo é conspiração…todos te enganam, nada é paixão.



Se de leve visses a minha vida

Seria de azul marinho, que varia de tom com a luz do Sol

Se de leve a saboreasses

Teria um paladar misterioso e desejado

Se de leve a sentisses

Seria macia como uma pétala de túlipa e reconfortante como o colo da nossa mãe

Se de leve, mesmo só por instantes a vivesses

Teria um som demasiado estridente para a suportares

Mas de leve, muito levemente, com a distância de um átomo, soa a anjos em brincadeiras celestiais.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Sonhos

 

Vou pisando um caminho

Que a saudade recorda

Num pensar sempre sozinho

Que a realidade acorda


Vazias tenho umas mãos

Da imensidão da vida

Desses brilhos a todos vãos

Que me deixaram ferida


Não há bússola nem mapa

Que me guie a dormência

Apenas uma dor chata

De uma alma em penitência


E pago os meus pecados

Não com fogo do inferno

Mas com sonhos estragados

Para sempre no eterno


Repassa-me o coração

Da triste ignorância

Não ter aceitado um não

Vivendo agora a distância.

terça-feira, 10 de fevereiro de 1998

chora, Menina chora

 

Chora chora,

Menina chora

Que a tua vida

É um antro negro

Sem entrada

nem saída.

Chora chora

Menina chora

Pois o que passa

Não voltará mais.

Chora chora

Menina chora

Que te dói a vida

De tanto sofrer

Que te dói a alma

De tentar esquecer

Esquecer o que não há

Para recordar

Chora menina…

Chora

quinta-feira, 29 de maio de 1997